Artigo: Theotônio Neto, uma sumidade da comunicação de Sergipe – Por Igor Salmeron

“O bom jornalista não é àquele que demonstra saber tudo, mas àquele que tem humildade para querer e estar sempre aprendendo algo, que aprende com qualquer pessoa, uma criança ou um idoso, um letrado ou um analfabeto”.

Na instigante história da comunicação sergipana, há sumidades que devem ter o devido relevo. Se existem homens ante os quais ninguém fica indiferente, Theotônio Neto, com certeza, é um desses notáveis. O consagrado jornalista sergipano Theotônio Narciso da Cruz Neto nasceu num dia 08 de outubro. Desfrutou de infância repleta de valiosos ensinamentos e lições que apreendeu com cirúrgica sabedoria ao longo da vida.

Homem de bondade transbordante. De pequeno já notava que seu hábil tino era exercer a nobre função de operário das palavras e ações político-sociais que impactassem a vida das pessoas, principalmente, as menos favorecidas. Prova disso é quando foi Prefeito de Carmópolis no final da década de 1980, precisamente em 1989 e depois em 1997. Diversos foram os relatos colhidos que ratificam o quanto Theo fez pela sua terra e pelo seu povo. Segundo material levantado da época auferida, Carmópolis teve seu antes e depois da intervenção de Theotônio Neto. Vale enfatizar que nesse entremeio, fundou a Rádio Ouro Negro FM, sediada naquela cidade. A rádio carrega consigo grandes histórias e contribuição enorme para o desenvolvimento da Região Norte, bem como de todo o Estado.

A partir da sua exímia administração, Carmópolis vislumbrou sólido desenvolvimento político, social, econômico, artístico e industrial. Dá para se afiançar que Theo se fez baluarte na referida terra em que nasceu, se tornando inegável orgulho para todos os carmopolitanos. Atributos como humildade e respeito foram suas marcas registradas, não à toa ficou conhecido carinhosamente como o pai dos necessitados.

Como se não bastasse o exitoso percurso na seara política, se realçou como sendo um dos desbravadores dos primórdios da seara da comunicação sergipana. Para quem não sabe, Theo faz parte dos idos jurássicos da TV Sergipe bem como da Rádio Liberdade. Na Liberdade foi Diretor na época de Heráclito Rollemberg. Foram emocionantes os testemunhos recolhidos que falavam o quanto Theo era um chefe terno e professoral.

Quem teve privilégio de conviver com o retratado num ambiente de redação me confirmou o que já havia notado quando o encontro: uma espécie humana em extinção. Profissional ímpar, competente, cuidadoso no que deseja passar para sua equipe. A ética foi algo que despontou quando observei suas iniciais atuações com a investigação empreendida. Das afiliadas da Rede Globo, a TV Sergipe foi a primeira a colocar no ar o Bom Dia Brasil.

As notícias eram passadas com verdade sem jamais cair numa tonalidade piegas. Apesar dos parcos recursos técnicos, Theotônio dava criativo jeito com a sua mente esplêndida e inquieta. A principiante prática do bom telejornalismo passa por ele, esse fato histórico é indiscutível. Era o tempo em que os telespectadores se sentiam dignos graças ao labor obstinado, audaz e arrojado de Theo.

O fazer televisão é arte que exige bom senso e isso Theo tem de sobra. Não somente ele, cabe citar outros avultados dessa quadra e sucedâneas, mestres como Mozart Santos, Nestor Amazonas, Euler Ferreira, Gilvan Fontes, Acival Gomes, Carlos França, César Cabral, Nairson Menezes, Nelson Souza, José Raimundo Ribeiro, o cabo Zé, Hugo Costa, Eugênio Nascimento, Reinaldo Moura, Luiz Trindade, Nazaré Carvalho, Siomara Madureira, Sérgio Gutemberg, Antônio Piuga, Ângela Abreu, Welington Elias, Hilton Lopes, Fátima Botto, Clara Angélica Porto, Carlos Mota, João de Barros, Carlos Magalhães, só para mencionar alguns.

No tempo da TV Sergipe apareceram muitas frases assim: “Theotônio Neto e Mozart Santos formavam dupla imbatível no jornalismo da emissora”. Não há demasia em afirmar que ali residia a melhor escola do telejornalismo da emissora envolta por suas efemérides décadas de atuação. Da luminosa galeria, pode-se dizer que Theo foi dos mais ínclitos Diretores de Jornalismo que já passaram pelos auspícios da TV Sergipe.

De tantas consagrações ao longo da vasta carreira, Theo Neto acumulou reconhecimento dos Deputados na prolífica época em que atuava junto ao Diário de Aracaju, sob a batuta de outro vulto, um dos maiores de Sergipe: Raymundo Luiz. Vale asseverar aqui que Theotônio foi o melhor jornalista que fazia a cobertura das sessões do Poder Legislativo, premiado como Repórter do Ano.

Poucos são os que sabem acumular tamanha bagagem de argúcia e sensatez. A lancinante sensibilidade transborda do seu coração e prova disso é que se mostra como um dos mais talentosos compositores do Brasil. Diversas canções se tornaram memoráveis no inconsciente coletivo sergipano e além-fronteiras, a exemplo da música chamada “Pirambeleza” que divulga o município de Pirambu nos mais longínquos rincões.

Recentemente, Theotônio Neto se consagrou também na área cultural-acadêmica. É o Titular da Cadeira de número 02 da Academia Carmopolitana de Letras, Artes, e Ciência cujo Patrono é Alberto Narciso Cruz. Nela, Theotônio participa de relevante confraria que tem objetivo nobre de fazer tanto o resgate quanto a valorização da fascinante cultura do município do Leste Sergipano.

Em seu abrangente currículo ainda constam inolvidáveis passagens profissionais de quando foi dinâmico e atuante Diretor de Comunicação do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe. Em dias hodiernos, é o Chefe de Comunicação da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) sob a Presidência de Jeferson Andrade, donde fica a indubitável certeza que irá continuar fazendo argucioso trabalho.

Na afável esfera doméstica, Theotônio Neto se realça como pai íntegro e cuidadoso, que buscou passar aos filhos o valor tanto do caráter quanto da honradez. Dos descendentes alguns o seguiram na seara política, exemplificados por: Alberto Narciso da Cruz Neto, o Beto Caju e João Gilberto Cruz que sabem seguir à risca as instrutivas preleções.

Conclui-se pela pesquisa realizada que Theotônio Neto é daquelas distintas figuras que fazem da atividade jornalística tratado de compromisso social, sendo este um de seus maiores diferenciais. Homem que exerce seu ofício por meio da nobre prática diária intelectiva. Um trabalhador manual que das palavras engendra a sua edificante matéria-prima. Theo não faz intervalo comercial, faz Jornalismo com J hercúleo, eis uma sumidade da comunicação sergipana. Alguém discorda?!

Igor Salmeron é sociólogo, Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL).

E-mail para contato: [email protected]

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