Escândalo no terceiro mandato de lula: Fiocruz desviou dinheiro dos índios

Mais um escândalo no terceiro mandato de Lula da Silva (PT). Depois de registrar o maior número de mortes de índios Yanomamis em 2023, se descobriu que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Sáude, desviou uma verba destinada ao programa de fortalecimento da saúde indígena.

O dinheiro foi usado para bancar viagens ao exterior do pesquisador Guilherme Franco Netto com a esposa Lorena Covem Martins. Ele fez cinco viagens para três países, Portugal, França e Estados Unidos. O dinheiro desviado soma R$ 310 mil, segundo a Folha de S.Paulo na edição de quinta-feira, 29.

Franco Netto é bolsista e coordenador do programa, que inclui a esposa. O dinheiro do contrato com o Ministério da Saúde, chefiado pela ex-presidente da Fiocruz, a socióloga Nísia Trindade, foi usado para passear três vezes em Coimbra, Portugal; uma vez em Paris e outra no Estado do Colorado, nos EUA.

A diferença para os outros bolsistas é enorme. O segundo que mais recebeu diárias ficou com R$ 51.400 e o que registrou menos, R$ 176. Lorena, esposa de Netto, ganhou R$ 31 mil em diárias de viagens, além das viagens com o marido, bancadas com dinheiro que poderia ter salvo vidas Yanomamis.

Franco Netto justificou a viagem a Paris como “atividade de pesquisa acadêmica e formação em pesquisas relacionadas a territórios sustentáveis e saudáveis”, recebendo R$ 49.700, acima do valor de referência do programa, que segue as tabelas da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde.

Netto já havia ido a Coimbra para “representar a Fiocruz no contexto da implementação dos acordos de cooperação formalizados entre a fundação e a Universidade de Coimbra”. A viagem durou um mês e valeu diárias de R$ 75.500.

Em janeiro de 2023, Netto voltou a Portugal, onde ficou por pouco mais de dois meses, recebendo R$ 85.500 em diárias. A viagem aconteceu enquanto o governo federal declarava estado de emergência e iniciava uma operação para “recuperar a saúde da população ianomâmi”.

Um mês depois desta viagem, Netto voltou para Coimbra, onde passou mais 30 dias. Três meses depois, voou para o Colorado, ficando sete dias para “sistematização de dados e informações para subsidiar o relatório da pesquisa ‘Ecocídio e Planejamento de Iniciativas da Fiocruz nos Cerrados'”.

Netto se recusou a responder aos questionamentos da Folha de São Paulo e a Fiocruz afirmou que Lorena esteve em Paris com o marido “com recursos próprios” e “ficou em trabalho remoto” durante as viagens de Netto ao exterior. Se estava a trabalho, por que não recebeu diárias?

A Fiocruz alega que atua nesses países com pesquisador visitante e que, entre as atividades, organizou e preparou seminários relacionados ao tema “Ecocídio e Globalização dos Cerrados Brasileiros: Resistências e Lutas dos Povos e Comunidades Originários e Tradicionais pelos Direitos à Saúde e à Vida”.

Por que a Fiocruz precisa fazer eventos sobre assuntos internos no exterior, é uma incógnita. Apesar de o pagamento de diárias ser lícito, não há justificativa para esses eventos e elas foram pagas com verbas que deveriam bancar remédios e médicos do atendimento aos Yanomamis.

Netto recebe uma bolsa mensal de pesquisa, de R$ 4,7 mil, mais salário de R$ 28,4 mil. Além das diárias. O nome dele chamou a atenção porque já esteve preso, em 2020, por ordem da Justiça do Rio de Janeiro, justamente por desvios de R$ 4,5 milhões na área da saúde. A prisão foi anulada pelo STF…

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